Leve Além...

resenha: Eu sou a lenda


                    UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
        DEPARTAMENTO DE CIENCIAS HUMANAS E TECNOLOGICAS
                                         CAMPUS XVI-IRECE BAHIA                     
                                 CURSO: LICENCIATURA EM LETRAS
                                                DISCIPLINA: SIPE
                                          DOSCENTE: LUCILEIDE
                               DISCENTE: ADSON MOREIRA DE SOUZA


                                Eu sou a lenda: uma visão geral

EU SOU A LENDA direção de Francis Lawrence. Produção Akiva Goldsman / David Heyman /  James Lassiter /  Neal H. Moritz / Erwin Stoff. Distribuidora warnner Bros. 18 de janeiro de 2008.

Inspirado num livro publicado em 1954 pelo escritor Richard Matheson, Eu sou a lenda apresenta um roteiro de ficção que poderia ser bem real. Pois com as doenças terríveis que tem surgido nos últimos anos, não podemos descartar a possibilidade. O processo de pesquisa em que Robert Neville, interpretado por Will Smith, está inserido é basicamente o ponto central do filme, pois ele passa tempo todo tentando encontrar uma cura para a terrível doença causada por um vírus chamado de Krippin.
No ano de 2009 uma cientista chamada Alice Krippin(participação de Emma Thompson) descobre a cura para o câncer. São realizados testes em 10.009 pessoas e o resultado de sua pesquisa é maravilhoso, de 10.009 pessoas tratadas, todas se curaram do câncer, um feito impressionante. A doutora só não imaginava que ao descobrir a cura de uma doença terrível provocaria uma outra mais terrível ainda.
O vírus krippin ao entrar em contato com humanos e animais provoca uma serie de mutações levando o hospedeiro a um vampirismo descontrolado. Não podemos chamar os hospedeiros de zumbis, pois mesmo com características comuns, suas habilidades em caçar eram impressionantes.
O coronel Robert Neville se transforma em doutor Robert Neville, (que não tem cara de doutor, o que prejudica a imersão do ator no longa metragem) ele mostra no filme a faceta da pesquisa da doutora Alice Krippin que ao fazer uma descoberta aparentemente útil a  população mundial se transforma numa pandemia. O filme se destaca por estabelecer uma eficaz atmosfera de solidão e decadência, alem de criar um forte clima de tensão em suas ótimas cenas de ação.
Podemos estabelecer uma relação do filme Eu sou a lenda com o filme Naufrago estrelado por Tom Hanks onde o personagem principal da trama está também sozinho, mas por motivos diferentes. A principal diferença entre os dois seria a determinação do doutor Robert Neville que tenta de todas as formas encontrar a cura para o vírus krippin.
Sabendo que a pesquisa é um processo sistemático de construção do conhecimento, que tem como metas principais gerar novos conhecimentos e confirmar ou refutar algum conhecimento existente podemos dizer que a pesquisa do personagem central do filme Eu sou a lenda elege uma metodologia de pesquisa adequada, mas sem muitas opções, pois não tem muitos recursos e apoio para realizar suas pesquisas. Robert Neville procura suas cobias por áreas, inicia os tratamentos com animais e após, com humanos, analisando por completo as reações e comportamentos das cobaias para chegar a uma cura.
O personagem central do longa metragem mostra uma responsabilidade social muito grande quando  abandona a família para se dedicar somente a cura da doença (certo que se ele tivesse ido com a família no helicóptero teria morrido com a esposa e a filha), essa responsabilidade foi o seu principal recurso para lhe dar forças para encarar os monstros vampirescos. O posicionamento emocional do personagem ao longo do filme muda bastante, até prejudicando seu raciocínio lógico após a morte de sua companheira: a cachorra Samanta. O tempo psicológico do filme mostra o passado e o presente simultaneamente ressaltando a inquietação do personagem com toda aquela situação.
A produção do filme não é o que poderíamos chamar de espetáculo, com seus monstros vivos feitos em computador, pois a tensão criada por um ator devidamente maquiado seria infinitamente maior. A cidade de Nova York é destaque na trama, pois passa uma sensação de abandono e solidão de uma localidade abandonada. A apresentação dos vilões é gradual, primeiro mostra o efeito que o vírus provoca em ratos, escutam-se gritos de criaturas e finalmente a sequencia do depósito onde Francis Lawrence, diretor do filme, constrói um quase insuportável clima de tensão ao colocar Neville no escuro com os monstros.
Podemos ressaltar a sequencia do dialogo entre Neville e Anna, interpretada por Alice Braga, onde a personagem vinda de São Paulo num navio com o filho é perguntada sobre Bob Marley e ela diz  que nunca ouviu falar sobre o cantor. Com certeza o roteirista do filme deve achar que os brasileiros devem ser um povo sem cultura nenhuma.
Em relação a sequencia de métodos utilizados pelo personagem podemos afirmar que sua pesquisa foi um sucesso, pois ele acaba por descobrir a cura da terrível doença que infectou e transformou mais de 588 milhões de pessoas no mundo, assim se tornando uma lenda, mas também é importante ressaltar que para as pessoas que acharam que Neville não deveria morrer, mando-lhes um recado: como se tornar lenda se ele estava vivo, as lendas só se tornam lendas depois que morrem, o final do filme é um tributo a lenda que foi Robert Neville.
Podemos também inferir a respeito do caráter religioso do filme, pois é como se o diretor tivesse concluído que faltava uma discussão teológica e decidido atirá-la de qualquer maneira na história para simbolizar a redenção emocional do protagonista, que nega Deus num momento apenas para, minutos depois, aceitar a divina providência como lógica que rege o mundo. Assim até parece que estamos falando de um filme religioso, certo que muitos terão opiniões divergentes sobre este assunto, mas estas discussões não nos levarão a nada.