UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS HUMANAS E TECNOLOGICAS
CAMPUS XVI-IRECE BAHIA
CURSO: LICENCIATURA EM LETRAS
DISCIPLINA: ESTUDOS TEORICOS DO TEXTO LITERARIO
DOSCENTE: MARIA AURINÍVEA SOUZA DE ASSIS
DISCENTE: ADSON MOREIRA DE SOUZA
Resenha crítica
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EAGLITON, Terry. O que é literatura? In: Teoria da literatura: uma introdução. São Paulo: Martins fontes, 2006
Na obra Teoria da Literatura de Terry Eagliton “Teoria da literatura” levamos em consideração a parte introdutória do livro , o autor começa levantando uma questão: o que é literatura?
Inicialmente define como escrita imaginativa, não sendo uma escrita verídica, mas faz reflexões a cerca da distinção entre fato e distinção, pois a própria distinção é muitas vezes questionável. Há uma citação de exemplos do que seria literatura, que seria baseado em fatos e ficções. Sabendo que a literatura emprega uma linguagem peculiar que se afasta do comum.
Os formalistas russos ,críticos e militantes buscavam embasar seus pesquisas na maneira pela qual os textos funcionavam na pratica, teorizando uma organização particular da linguagem. Sabendo que o formalismo foi aplicação da lingüística ao estudo da literatura. Pode-se afirmar que afirmar que eles se dedicaram aos estudos das formas literárias. Os artifícios utilizados nas obras literárias tinham funções no sistema textual em que os elementos tinham em comum certo efeito de estranhamento ou desfamiliarizaçao. Ele enfatiza a forma automatizada que nos comportamos e daí surge o estranhamento pela desfamiliarizaçao proporcionada pela literatura.
“Qualquer linguagem em uso consiste em uma variedade muito complexa de discursos, diferenciados segundo a classe, região, gênero, etc...” Esses discursos não podem ser unificados em uma só comunidade lingüística, pois os desvios da norma dependem dos discursos comuns a uma sociedade. Mostrando assim que a estranheza de um texto não significa que seja literatura.
A caracterização da literatura fica evidente nos trechos: ”Aplicando certas convenções de leitura ás suas palavras “ e “ relacioná-las com seu contexto imediato, generalizando-as alem da sua finalidade pragmática e dando uma significação mais ampla e mais profunda”. O autor indica uma operação envolvida naquilo que se chama literatura. Mas mesmo considerando a literatura de maneira não-pragmática ainda não podemos defini-la objetivamente, pois depende da vontade de verdade de cada individuo o motivo pela qual essa pessoa resolve ler e não da natureza daquilo que é lido.
Há certos escritos como romances que inicialmente pretendiam ser “não-pragmaticos”, mas isso não garante que seja lido e interpretado dessa maneira. “um segmento de texto pode começar a existir como historia ou filosofia, ou pode começar como literatura e passar a ser considerado com valor arqueológico”. Essa transformação, como antes citado, vai depender da vontade de verdade de cada individuo e a maneira como é lido em cada contexto. O autor explica e exemplifica como não se pode ter uma formula para definir literatura, a pagina 13, no segundo parágrafo, ele citas escritas de beowulf ate Virginia de beowulf. Podemos pensar em literatura como qualidade inerente ou conjunto de qualidades evidenciadas por certos tipos de escritos, indicando que não existe uma essência da literatura.
A literatura também pode servir para estimular minhas reflexões sobre a velocidade e a complexidade da vida moderna, citação da pagina 14 que mostra outra face da literatura, quando relaciona com o contexto social, relações com o ambiente, a maneira pela qual se comporta, finalidades e as praticas humanas tornando-a vazia. Dessa forma ela perde seu papel não-pragmatico, mas ira depender de como houve a interpretação de determinados acontecimentos.
As considerações a cerca literatura que lhes parece bonita não podem ser generalizadas, pois há também a má-literatura e os textos não-literários. Tem relação direta com os julgamentos de valor para se ter uma definição sendo que eles são variáveis e mutáveis nas diversas sociedades.
A literatura altamente valorizada pode se tornar eterna, mas não imutável ou inalterável, e ate os motivos, os critérios de valia e eternidade podem se modificar. Podemos fazer uma relação com o livro de Michel Foucault, A ordem do discurso, mostra que o ser humano tem sempre uma vontade de verdade e sempre haverá uma historia das verdades que se relaciona com a interpretação de obras literárias. A frase “A luz de nossos próprios interesses“ apresentada no texto na pagina 18 mostra essa relação, pois o leitor poderá ter interpretações diferentes, tanto pela forma de expressão do individuo e pelo contexto onde se encontra exemplificando também as historias das verdades, pois o individuo tem uma determinada atitude pelo fato de ter fatores antecessores aquelas verdades. Daí pode se explicar por que obras literárias parecem conservar seu valor através dos séculos.
A estrutura de valoras é o que entendemos por “ideologia”. Ela se define como modos de sentir, avaliar, perceber e acreditar, que esta relacionada com a manutenção e a reprodução do poder social. Sabendo das relações de poder de cada sociedade, podemos afirmar que os conceitos podem conservar o valor de uma obra ao longo do tempo, não existem julgamentos ou interpretações puramente literárias, pois o juízo de valor que constituem os indivíduos é historicamente variável e estreita a relação com as ideologias sociais.
A literatura não tem uma forma especifica uma essência, para ser copiada como um livro de matemática. Ela pode ser pragmática e não-pragmática, isso dependera do juízo de valor relacionando suas ideologias e as relações de poder.
Levando em consideração todos esses discursos pode-se afirmar que literatura pode ser qualquer texto, isso implicara numa serie de situações que envolvem todo um âmbito social.