Doping
Também chamado de “dopagem” é a administração ilícita de uma droga estimulante ou estupefaciente com vistas a suprimir temporariamente a fadiga, aumentar ou diminuir a velocidade, melhorar ou piorar a atuação de um animal ou esportista.
A comissão médica do comitê olímpico internacional instituiu durante os jogos olímpicos do México (1968) a aplicação de testes anti-dopagem sistemáticos, decidindo que seriam excluídos dos jogos os atletas comprovadamente dopados.
A comissão médica do comitê olímpico internacional instituiu durante os jogos olímpicos do México (1968) a aplicação de testes anti-dopagem sistemáticos, decidindo que seriam excluídos dos jogos os atletas comprovadamente dopados.
Imagine esta cena: um halterofilista se prepara para tentar um levantamento de 160 kg. Ele caminha para o recipiente com magnésio, passa um pouco nas mãos e pega a barra. Levanta-a com dificuldade até ao pescoço, arfa de esforço enquanto prepara o segundo passo do levantamento, mas depois de iniciar o movimento para levantar a barra por cima da cabeça, o músculo que rodeia a omoplata direita cede violentamente, desprotegendo a coluna do atleta.
A carreira desse halterofilista foi interrompida nesse instante. O impacto de 160 kg o atirou irremediavelmente em uma cama de hospital, tetraplégico. A conclusão do inquérito imediatamente instaurado não deixou espaço para dúvidas: as constantes ingestões de anabolizantes "esticaram" o músculo de tal maneira que, numa situação de esforço, este rompeu-se brutalmente.
Moral da história: os anabolizantes, que anos antes haviam adquirido virtudes de poção mágica, provaram a sua falibilidade.
Esse acontecimento não foi inventado por ninguém. É a história verídica de um atleta finlandês que estava disputando um campeonato mundial e viu sua carreira de vitórias e conquistas ser destruída em poucos segundos. Tudo porque ele, em vez de melhorar seu desempenho através de treinamento, utilizou um meio ilegal.
Infelizmente, nas academias a coisa não está muito diferente. Muitos garotos estão tentando ficar mais fortes usando substâncias químicas que aumentam seu desempenho de uma maneira antinatural.
A carreira desse halterofilista foi interrompida nesse instante. O impacto de 160 kg o atirou irremediavelmente em uma cama de hospital, tetraplégico. A conclusão do inquérito imediatamente instaurado não deixou espaço para dúvidas: as constantes ingestões de anabolizantes "esticaram" o músculo de tal maneira que, numa situação de esforço, este rompeu-se brutalmente.
Moral da história: os anabolizantes, que anos antes haviam adquirido virtudes de poção mágica, provaram a sua falibilidade.
Esse acontecimento não foi inventado por ninguém. É a história verídica de um atleta finlandês que estava disputando um campeonato mundial e viu sua carreira de vitórias e conquistas ser destruída em poucos segundos. Tudo porque ele, em vez de melhorar seu desempenho através de treinamento, utilizou um meio ilegal.
Infelizmente, nas academias a coisa não está muito diferente. Muitos garotos estão tentando ficar mais fortes usando substâncias químicas que aumentam seu desempenho de uma maneira antinatural.
A primeira substancia criada pelo homem para melhorar sua capacidade de rendimento foi a anfetamina, desenvolvida na Alemanha no ano de 1938, marco a partir do qual inicia uma incessante busca pela superação dos limites estabelecidos pelo próprio homem, que no esporte recebem a denominação de recordes. Depois da anfetamina muitas outras substancias desenvolvidas são usadas de forma ilícita para ampliar a potencialidade dos esportistas. O caso dos atletas brasileiros trouxe essa questão para a discussão novamente, mas no decurso da história foram muitos os atletas que fizeram uso dessas drogas para melhorar seu rendimento e agilidade nas competições.
O doping no esporte se configura pela utilização de drogas consideradas ilícitas segundo a classificação da Agencia Mundial Antidoping e pelo COI – Comitê Olimpido Internacional. Estes dois órgãos mantém uma listagem atualizada dos medicamentos e substancias consideradas proibidas para o consumo de atletas, e portanto ilegais. Essas substâncias são divididas em cinco classes principais que são os anabolizantes, os diuréticos, os hormônios, os analgésicos narcóticos e os estimulantes, todos eles atuam no organismo humano fazendo com que o corpo tenha maior rendimento e produzindo mais testosterona, no entanto causam consequências e efeitos colaterais graves para os atletas. O uso de qualquer substancia elencada pelo COI é caracterizado como uma infração dos códigos disciplinares e éticos e portanto está sujeita a sanções aos atletas, treinadores, médicos e dirigentes que porventura estejam envolvidos.
O Doping no Esporte: questão de ética
As notícias sensacionalistas sobre o doping no esporte de alto rendimento, têm feito com que o fato seja conhecido por todos. Os grandes ídolos flagrados, os casos de mortes precoces bem como os inesperados relatos e publicações de ex-esportistas, fazem com que muitos treinadores, pedagogos e professores de educação física preocupem-se com a abrangência do fato. Já em 1990 a publicação “Desporto, Ética, Sociedade” (BENTO & MARQUES, 1990), relata em vários de seus artigos os diversos problemas e conseqüências do uso de substâncias químicas utilizadas por competidores.
Por outro lado, o artigo intitulado “As dimensões inumanas do esporte de rendimento” (KUNZ, 1994), qualifica como inaceitáveis o uso de substâncias proibidas como também desqualifica o treinamento especializado precoce. A questão ética, prende-se ao fato comprovado que o doping provoca uma vantagem tão grande daqueles que utilizam sobre os que não fazem uso, que dificilmente um talento natural, por melhor que seja, conseguirá destacar-se no alto nível.
Nesta perspectiva, poderíamos discutir a questão das medalhas conquistadas sob suspeita de doping. A Revista Veja publicou em janeiro de 1998 um artigo intitulado “Medalhas sujas”, onde questiona muitos resultados alcançados em olimpíadas e campeonatos mundiais, pela extinta Alemanha Oriental: são 103 casos no atletismo e 86 na natação (masculino e feminino).
A pergunta é: como ficam os recordes obtidos nestas competições? Diga-se de passagem, que alguns destes recordes ainda estão em vigor. E os atletas que competiram estritamente dentro do regulamento, e poderiam ter vencido (ou legalmente venceram) estas provas, como ficam? A questão é absolutamente ÉTICA.
O que preocupa é o fato de que cada vez mais os atletas de diversas modalidades têm se valido de meios ilícitos para auferir vantagens nas diversas competições, e assim atendendo interesses de forma escusa.
Algumas substâncias são controladas nos exames antidoping, contudo cada vez mais surgem estudos que desenvolvem mecanismos para mascarar e dificultar a possibilidade de identificar o uso de substâncias proibidas, que favoreçam durante a competição e que posteriormente pode produzir tremendos prejuízos a saúde dos atletas.
Por outro lado, o artigo intitulado “As dimensões inumanas do esporte de rendimento” (KUNZ, 1994), qualifica como inaceitáveis o uso de substâncias proibidas como também desqualifica o treinamento especializado precoce. A questão ética, prende-se ao fato comprovado que o doping provoca uma vantagem tão grande daqueles que utilizam sobre os que não fazem uso, que dificilmente um talento natural, por melhor que seja, conseguirá destacar-se no alto nível.
Nesta perspectiva, poderíamos discutir a questão das medalhas conquistadas sob suspeita de doping. A Revista Veja publicou em janeiro de 1998 um artigo intitulado “Medalhas sujas”, onde questiona muitos resultados alcançados em olimpíadas e campeonatos mundiais, pela extinta Alemanha Oriental: são 103 casos no atletismo e 86 na natação (masculino e feminino).
A pergunta é: como ficam os recordes obtidos nestas competições? Diga-se de passagem, que alguns destes recordes ainda estão em vigor. E os atletas que competiram estritamente dentro do regulamento, e poderiam ter vencido (ou legalmente venceram) estas provas, como ficam? A questão é absolutamente ÉTICA.
O que preocupa é o fato de que cada vez mais os atletas de diversas modalidades têm se valido de meios ilícitos para auferir vantagens nas diversas competições, e assim atendendo interesses de forma escusa.
Algumas substâncias são controladas nos exames antidoping, contudo cada vez mais surgem estudos que desenvolvem mecanismos para mascarar e dificultar a possibilidade de identificar o uso de substâncias proibidas, que favoreçam durante a competição e que posteriormente pode produzir tremendos prejuízos a saúde dos atletas.
Podemos citar algumas substâncias proibidas e os riscos do doping decorrentes para a saúde. A EPO (eritropoietina) produz crescimento dos órgãos internos, sendo que nas mulheres produz aumento dos pêlos da face e com uso contínuo pode levar a pressão alta; Betabloqueadores (Acebutolol, Alprenolol, nadolol, oxprenolol, propanolol e sotalol) dificuldade de respiração; Esteróides Corticóides (dexametasona e hidrocortisona) produzem diabetes, glaucoma e problemas musculares; Analgésicos (buprenorfina, heroína, dextromoramida, metadona, morfina, pentazocina e petidina) causam problemas respiratórios, náusea e dependência; Diuréticos (acetazolamida, bumetanida e clortalidona) como riscos a saúde, causam desidratação, falência do fígado e cãibras; Estimulantes (anfetamina, cafeína, cocaína, efedrina e salbutamol) podem causar queda da pressão, batimento cardíaco irregular e dependência e os Esteróides Anabólicos (nandrolona, testosterona, estanozolol e mesterolona) o seu uso vem se tornando cada vez mais freqüente pelos jovens em academias de musculação e por atletas em todo o mundo, apesar de todas as recomendações médicas em contrário e do rigor das leis de controle de dopagem.
Essas substâncias são derivadas da testosterona, um hormônio sexual masculino que é fabricado pelos testículos. No homem, é produzido durante a vida inteira, mas principalmente por volta dos 11 a 13 anos, tendo como funções principais: a descida dos testículos para dentro dos escrotos, o crescimento dos testículos e do pênis, a distribuição dos pêlos, participação no crescimento ósseo, desenvolvimento da musculatura após a puberdade. Daí a definição de esteróides anabólicos (crescimento e desenvolvimento) e androgênicos (caracteres sexuais masculinos).
Os medicamentos sintéticos à base de testosterona aumentam as propriedades anabólicas e reduzem as propriedades androgênicas. Por causa desse efeito anabólico os atletas passaram a usá-lo para aumentar a massa muscular, o que leva a um aumento da força. Os atletas interessados nesse ganho rápido de força muscular aumentam a quantidade de proteínas na alimentação e realizam um super treinamento. Assim, os músculos retêm uma quantidade maior de proteína, hipertrofiam e, portanto, ficam mais fortes. Esse aumento da massa muscular diminui a massa de gordura e o peso do indivíduo aumenta, porque o músculo pesa mais que a gordura.
Entretanto, os atletas no desespero de melhora rápida da massa e da força, e na incessante luta por melhorar seus recordes, acabam por usar doses elevadas, algumas vezes com exagero e sem sentido. Em certos casos, as doses são tão altas que os músculos acabam ficando refratários a qualquer hipertrofia. Os riscos ocasionados são a impotência, problemas no fígado, descontrole hormonal masculino, e na mulher descontrole menstrual.
KUNZ (1994) relata casos da antiga Alemanha Oriental onde se aconselhava doses anuais de até 1000 mg em atletas adultos, porém haviam competidores que chegaram a ultrapassar 3000 mg/ano. Um caso assustador é da atleta arremessadora de peso Haidi Krieger, que com 18 anos chegou a ingerir 2590 mg/ano (p. 17). Devemos considerar que na mulher, o uso é muito perigoso, principalmente antes e durante a puberdade, pois produz parada de crescimento, aspecto masculino, engrossamento da voz, aumento da distribuição dos pêlos e aumento do clitóris.
No homem, os efeitos secundários são: Aumento das lesões traumatológicas dos tendões e dos ligamentos, porque o desenvolvimento dos músculos não é acompanhado do desenvolvimento dessas estruturas; diminuição da estatura; lesões do fígado, como hepatite e câncer; redução do tamanho dos testículos, redução na produção dos espermatozóides e lesões graves da próstata. A reversibilidade de qualquer desses efeitos negativos depende da quantidade usada, do tempo de uso, de características metabólicas individuais e da extensão das lesões. As modalidades que mais têm utilizado desse método são o halterofilismo, lutas, remo, atletismo e ciclismo.
Considerações Finais
Ao finalizar este ensaio, quero expor que o estudo não pretende apontar preceitos definitivos, mas indicar caminhos e reflexões para agir-se eticamente nas práticas esportivas. O tema que abordamos gera muita controvérsia no mundo esportivo; as posições normalmente encontradas são antagônicas.
De um lado, dirigentes esportivos, empresários e industriais do esporte e alguns técnicos, não demonstram qualquer tipo de preocupação com os aspectos éticos e morais abordados anteriormente. Entretanto, existem profissionais, quase sempre com formação acadêmica, que divergem e criticam os mecanismos e os processos utilizados por instituições e pela mídia em relação ao esporte de alto rendimento.
Em razão disso, esperamos ter contribuído e estimulado a outros profissionais a investir em pesquisas e estudos nesta área que no momento necessita maior profundidade, discussões e reflexões.
Referências Bibliográficas
ARAÚJO, L. Ética, sociedade contemporânea e desporto. In: BENTO, J.; MARQUES, A. (Orgs.) Desporto, Ética, Sociedade. Porto: Universidade do Porto, 1990.
BENTO, J. Desporto, Ética, Sociedade. Porto: Universidade do Porto, 1990.
BENTO, J. À procura de referenciais para uma Ética do Desporto. In: BENTO, J.; MARQUES, A. (Orgs.) Desporto, Ética, Sociedade. Porto: Universidade do Porto, 1990.
GRANDE, N. Investigação, desporto e ética. In: BENTO, J.; MARQUES, A. (Orgs.) Desporto, Ética, Sociedade. Porto: Universidade do Porto, 1990.
KUNZ, E. Duração da vida atlética de campeões nacionais de atletismo, categoria menores, e conseqüências da especialização precoce desta modalidade: estudo exploratório. Dissertação de Mestrado. Santa Maria: Universidade Federal de Santa Maria, 1983.
KUNZ, E. As dimensões inumanas do esporte de rendimento. Movimento, N° 1. Porto Alegre: Escola de Educação Física – UFRGS, 1994.
MEINBERG, E. Para uma nova ética no esporte. In: BENTO, J.; MARQUES, A. (Orgs.) Desporto, Ética, Sociedade. Porto: Universidade do Porto, 1990.
SANTIN, S. Educação Física: ética, estética e saúde. Porto Alegre: Edições EST, 1995a.
SANTIN, S. A Ética e as Ciências do Esporte. In: NETO, A. F.; GOELLNER, S. V.; BRACHT, V. (Orgs.). As Ciências do Esporte no Brasil. Campinas: Editora Autores Associados, 1995b.
VARGAS NETO, F. X. Deporte y salud. Las actividades físico-deportivas desde una perspectiva de la educación para la salud: síntesis actual. Tesis doctoral. Barcelona: Universidad de Barcelona, 1995.
VARGAS NETO, F. X. Os riscos da especialização esportiva precoce e as alternativas possíveis. Anais do XVIIº Congresso Panamericano e XIIIº Congresso Brasileiro de Medicina do Esporte. Confederação Panamericana de Medicina do Esporte, Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte e Sociedade Gaúcha de Medicina do Esporte. Gramado. RS, Brasil. 7 a 10 de maio de 1997 a.
VARGAS NETO, F. X. Iniciação e especialização esportiva de crianças”. Ippon Judô, São Paulo, ano 2, n° 11, junho/julho 1997 b, p. 4-5.
VARGAS NETO, F. X. Iniciação e especialização esportiva de crianças”. Parte 2. Ippon Judô, São Paulo, ano 2, n° 12, setembro 1997c, p. 4-5.
VARGAS NETO, F. X. Os riscos da especialização esportiva precoce e as alternativas possíveis”. Revista Brasileira de Medicina Esportiva, Vol. 3. Nº 2 – Abr/Jun 1997d, p. 57.
VARGAS NETO, F. X. A criança e o esporte: a urgência de um maior controle sobre a especialização esportiva precoce”. Nosso Jornal, Publicação do IPA – IMEC. Porto Alegre, outubro/1998, ano 3, nº 14, p. 8.
VARGAS NETO, F. X. A iniciação esportiva e os riscos da especialização precoce. Livro de Resumos. A Educação Física no espaço de expressão da língua portuguesa: passagem para o novo milênio. 7º Congresso de Educação Física e Ciências do Esporte dos Países de Língua Portuguesa. Centro de Desportos da UFSC e Centro de Educação Física e Desportos da UDESC. Florianópolis, SC, Brasil, 1999a. p. 422.
VARGAS NETO, F. X. A iniciação nos esportes e os riscos de uma especialização precoce. Revista Perfil, Publicação do Curso de Mestrado em Ciências do Movimento Humano ESEF/UFRGS. Ano III – Nº 3, 1999b. p. 70-76.
VARGAS NETO, F. X.; VARGAS, L. A.; VOSER, R. C. Especialização precoce infantil: benefícios e malefícios. Coletânea de textos e resumos do XVIII Simpósio Nacional de Educação Física. Políticas Públicas de Educação Física, Esporte e Lazer. Orgs. Veronez, L. F. C.; Mendes, V. R. Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal de Pelotas. Pelotas, RS, Brasil, 1999. p. 94-101.
VARGAS NETO, F. X.; VARGAS, L. A.; VOSER, R. C. Os Benefícios e os Malefícios da Prática Esportiva Infantil. Revista Sprint. Ano XIX – Nº. 111, 2000. p. 40-45.
Autor: Dr. Rogério da Cunha Voser - ESEF/UFRGS
Nenhum comentário:
Postar um comentário