Leve Além...
domingo, 2 de dezembro de 2012
Crítica II: A metamorfose
Conto escrito por Franz Kafka, escritor tcheco com fluência em alemão. A obra foi lançada
em 1915, e aborda sobre a vida de Gregor Samsa, personagem principal,
que se sente oprimido pelo trabalho e pelo desprezo da própria família.
Gregor Samsa é um caixeiro-viajante
que se sente sobrecarregado pela profissão e desmotivado pelo dia a dia
cansativo das atividades laborais que cumpre rigorosamente, sente-se
reduzido a um inseto. Mantém-se no emprego para pagar as dívidas dos
pais, sentindo-se oprimido pelo trabalho e pela família.
O trabalho o toma mentalmente e está acima de suas próprias condições
humanas. Grete Samsa é a irmã de Gregor Samsa, o caixeiro-viajante, que
numa determinada manhã acorda com dores no corpo, sentindo-se
impossibilitado a cumprir a sua rotina de trabalho, mesmo pressionado
pela família e pelo gerente da firma à porta de seu quarto, não
encontrava forças para se colocar de pé e pronto à encarar as pessoas e
as obrigações do trabalho.
Na descrição do texto, Gregor sofre uma metamorfose, tornando-se num
inseto incapacitado para o trabalho e atividades humanas. Perante o seu
estado, houve estranhamento e repulsa por parte da família e do gerente
da firma. Grete, a sua irmã, apesar de ter soluçado quando Gregor
encontrava-se abatido e trancado no quarto, estava ausente na missão de
trazer um médico que o socorresse e, sua ausência, fazia falta a Gregor
no momento em que ele necessitava se justificar ao gerente.
Gregor, devido a seu estado, torna-se num estorvo assustador na casa.
Horas depois, Gregor é isolado e trancado em seu quarto, a vinda do
médico é dispensada. Gregor passa a ser tratado com distanciamento e
certo nível de desprezo. Grete Samsa, inicialmente, presta uma atenção
distanciada do irmão, devido ao seu espanto e temor deixa restos de
alimentos da família no quarto do irmão e, pouco a pouco, investiga o
que lhe agrada como inseto.
A irmã era responsável por mantê-lo alimentado, ela suspirava,
invocava aos santos, percebia o que ele realmente comia, mas com o pesar
que recai sobre toda a família (mãe, pai e irmã).
Gregor, mesmo tendo assumido as despesas do lar como
caixeiro-viajante, passou a ser oprimido a manter as obrigações da casa.
Gregor, agora era um inseto, e sentia a perda do afeto dos pais em
relação a ele, o mesmo afeto se perdia em relação a irmã. Grete Samsa
cuida do irmão de maneira distante, sem buscar uma real solução, pois
não suportava vê-lo num corpo de inseto, para não escandalizá-la Gregor
se refugiava sob o canapé para não ser visto por ela e por ninguém.
A irmã havia resolvido retirar todos os móveis do quarto de Gregor,
para que ele tivesse todo o espaço que um inseto necessita ter, a mãe
discordou decidindo manter os móveis na esperança que Gregor, um dia,
retornasse à condição humana. Grete insistiu e retirou o armário,
deixando as paredes livres. Gregor circularia livremente pelas paredes
do quarto, intimidando a entrada de todos em seus aposentos. A sua irmã,
se dirigia ao cômodo mais para cumprir tarefas de “manutenção” do que
prestar algum tipo de afeto ou atitude em favor de seu irmão.
Pouco a pouco, Gregor passou a se sentir maltratado e a família
passou a se virar financeiramente para cobrir as faltas da renda de
Gregor, um inseto desempregado. Gregor sente a rejeição da irmã que ,
antes de sair para trabalhar, deixava em seu quarto qualquer alimento às
pressas. Gregor ao incomodar os inquilinos da casa ( a família tentava
manter na casa uma pensão para conseguir uma renda complementar),
torna-se alvo da expulsão por parte da própria irmã, nas palavras de
Grete Samsa conclui-se o seu desprezo pelo irmão: “É preciso que isso vá
para fora”. No fim, Gregor, um inseto muito ferido e isolado, morre sem
gerar compadecimentos profundos na casa, todos passam a pensar em seus
empregos e em suas próprias vidas.
Por Fernando Rebouças
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